sexta-feira, 2 de julho de 2010

A Pelota Nossa de Cada Dia




Hoje faltou luz na minha casa e me veio a idéia de um texto... Fiquei com medo de não assistir a algum jogo da copa, mas é madrugada, relaxei... Mas, poxa! Estava carregando no YouTube o CQC dessa semana que eu não pude ver... Deixa pra lá. Sob uma única vela quase no talo que trêmula ao vento o tempo inteiro, procuro o caderno. Encontrado o caderno agora é a hora da caneta. Com um copo de café em uma mão e um cigarro na outra, penso... Onde estaria minha caneta favorita??? Coloco Adastreia pra rolar no Ipod, procuro uma caneta e não acho. E antes que eu costumava ter tantas... Sei lá, hoje em dia é tudo tão "computado", digitado. Que odisséia para achar uma caneta! Acho uma sacola com 10, só 2 pegam. Bom, pelo menos eu tenho uma reserva caso a primeira falhe... Acho interessante o piano da música "Masked".
Estava pensando no futebol. Como ele primeiramente era exclusivo, depois "Boundaries Are Open" - mulheres com direitos, trabalhadores fazendo greve, revolução tecnológica e BAM! O futebol agora é de massa. Todo mundo gostava e curtia junto. Só os brilhos nos olhares que cintilavam ao ver a pelota passar pelas mãos ingênuas do goleiro e balançar a rede ao fundo é que chamavam a atenção de qualquer alguém que ainda dizia não e rejeitava, burlava conscientemente e legalmente as regras futebolísticas da nossa sociedade moderna. Mas a alegria, Ah! A alegria de ver aquele atacante suado e sofrido ir para a galera e comemorar a glória de dar um belo chocolate em seu adversário, rezando de joelhos e agradecendo a sabe-se-lá qual Deus por aquele feito estonteante de deixar o goleiro a ver navios e ir buscar sua derrota, desconsolado no interior da barra, isso sim é emocionante.
Interrompo a mim mesma pra curtir um pouco de Aglarond. A chama da vela se consome mais e fica mais fraca. Acendo outro cigarro. Preciso terminar antes de a vela acabar. 
A tensão enigmática que se esconde a cada escanteio quando a bola já voa e flutua no ar preparada para a cabeceada. Às vezes nesses momentos eu penso que não é o jogador que pula mais alto pra cabecear, é a própria bola que escolhe o seu destino. 
Tem grilos na minha casa... É a primeira vez que os escuto. Aprecio o esfregar de suas patinhas enquanto o vento entra intrometidamente pela janela da cozinha e acaricia meu rosto delicadamente. Me sinto como uma roupa no varal numa manhã de sol, mas está frio... Tergiversei.
Quando tem tiro de meta e o goleiro chuta a redonda o mais alto que pode, dá tudo de si somente naquele chute, dá pra ver os músculos todos de seu corpo enrijecendo e pulando. A "mardita" já chega ao peito e de lá só pára nos pés. Penso na chatice que é o jogo de meio de campo... Emoção mesmo é quando existe ataque e contra-ataque. O passe bem ensaiado. De Robinho, que faz uma finta com o centro-avante, rebola, faz seus passos de dança, pedala, engana. Escuto música, pra ser mais exata, ópera, a cada momento desses. Passa para Kaká, que num passo rápido chuta para Luís Fabiano, que consegue enganar o goleiro num golpe rápido, não de estilo e sim de inteligência, e chuta para o gol. Parafraseando Joel Santana: "O gol é um mero detalhe". Mas a galera vibra junto e chora e abraça o cara do lado que nem conhece. Aí está a beleza do gol mais "feito" do Brasil na copa. Todo mundo só julga do último que pegou a bola e jogou no fundo da rede, e antes? Não foi fácil não...
A música foi interrompida, será que acabou o cd? Não. Detesto pausas em músicas e não sou muito fã de músicas grandes também. Olho para o relógio. faz quase 1 hora que estou escrevendo e como me sinto bem! Tenho que lembrar de fazer isso mais vezes (me dedicar a um texto que ninguém vai ler nem deixar comentários...). Não quero parar, mas a vela parece estar querendo.
A decepção de um impedimento com um gol feito. Pra mim essa é uma das piores "broxadas". Quantas vezes vemos que tem chance, começamos a nos contorcer e abrir a boca para gritar, você sabe que está errado, mas ainda assim vibra aí o bandeirinha, aquele ingrato, levanta sua única aquisição em campo e o juiz apita. Tá impedido, e todo mundo faz aaaaaahhhhh... O final do jogo é um dos melhores momentos, todo mundo se abraçando e sorrindo de um lado e do outro só choro e lembranças partidas, memórias desfiguradas... Me emocionei e chorei com um grupinho que tocava tambores e gritava: "Chegou o campeão!". Essa é a beleza de uma partida de futebol, seja na copa ou em qualquer outro jogo. 
Mas, como eu dizia antes, isso foi em outro tempo. Hoje em dia futebol é "coisa de homem" e "mulher só assiste jogo pra ver perna de jogador", sinto esse péssimo clima seriamente. Ah! Como eu queria ver minha mãe desmaiando de novo no final da copa de 94... Agora escuto Agnes, escrevi 3 laudas, a vela tremula e eu me sinto num conto de Edgard Allan Poe. Não esqueçam que quem escreveu este texto foi uma mulher, só porque hoje faltou luz na minha casa e me veio a idéia de escrever um texto que ninguém vai ler. Pronto. A vela acabou.

By Inn Moura


CCC a todos!

Um comentário:

Fábio Adriano disse...

mulheres tem um jeito tão... hmm... "carinhoso" de falar de futiba... hehehehehehehehe...