sábado, 25 de abril de 2015

Grey’s Anatomy e o dia em que seremos todos felizes (spoilers do 11x21)


Lembro que lá em 2005, um extinto portal sobre séries, falava com carinho de uma série nova e divertida que havia estreado. Procurei saber e, como nunca consigo abandonar série, sempre escolho com muito cuidado quais começarei a assistir. Devido às grandes críticas positivas, comecei assim a minha jornada com Grey’s Anatomy. Jornada sim, porque, assim como em Lost, tratei logo de me apaixonar e ficar amiga desses personagens que tanto povoaram, e ainda povoam, nossos corações.
Digo de cara que nunca gostei da Meredith, mas me vi muitas vezes nela, por isso, acabei simpatizando e me afeiçoando a ela durante os anos. Quem eu sempre amei de paixão, desde o primeiro episódio, foi ele, muito bem apelidado de “Doctor Mcdreamy”, Derek Sheppard.


Gostava muito de outros personagens também, como a maravilhosa Christina Yang e a impetuosa Bailey, porém, Derek sempre povoou os meus melhores sonhos. Ele, por si, era um sonho. Sempre pronto para ajudar as pessoas, amigo, companheiro e apaixonado não só pelo que ele fazia, mas também pela mulher ao seu lado.
Ao longo desses anos, aprendi a amar esses personagens, como se fossem meus amigos de verdade (talvez pela falta de muitos deles na vida real), e tive uma vivência quase carnal, de alma aberta com esse relacionamento. Lembro que dividi casa com uma amiga e praticamente a obriguei a assistir todos os episódios, e mesmo alguns repetidos, chorávamos juntas em todos eles.


Me simpatizei com Izzie querendo abandonar de vez a imagem dela como modelo, tirando a roupa na frente de todo o hospital para obter respeito. Fiquei triste com Derek por ele não ter mencionado sua ex-esposa Addison, enchi os olhos d’água ao ver Christina Yang cantando “Like a Virgin”, me angustiei com Meredith por ela estar com uma bomba nas mãos ou quase morrendo afogada, chorei horrores com a morte de Denny, fiquei com pena da Christina por ela ter sido abandonada no altar por Burke, me descabelei que nem uma condenada (junto com a minha amiga) com a morte de George e com o câncer de Izzie, meu coração quase sai pela boca com Derek sendo baleado e Callie sofrendo um acidente de carro, odiei o fato da Yang ter saído da série (ainda bem que não mataram ela), xinguei Shonda Rhimes até a morte por causa do acidente de avião, mas me emocionei com as mortes de Lexie e Mark e a incapacidade de Mcdreamy de operar por causa da lesão em sua mão.


Também tiveram momentos felizes, quando Derek desenhou a planta da casa deles com velas no chão, o episódio musical na 7ª temporada, quando Teddy sente a chuva em seu rosto pela primeira vez em muito tempo, quando Mer/Der escrevem seus votos de casamento em um post it, quando o casal finalmente recebe Zola em casa, em definitivo, o casamento coletivo entre Calzona e Mer/Der, a declaração de amor de Lexie para Mark, quando Meredith dizia para a Christina que ela era a “sua pessoa” (You are My Person).


Porém, absolutamente nada, nem ninguém me preparou para este último episódio. Ano passado, tanto Patrick Dempsey, quanto Ellen Pompeo assinaram contrato por mais 2 anos de Grey’s. Isso deu uma aliviada em nossos corações, afinal, Yang acabara de sair e perder mais algum personagem principal não era uma opção. No começo dessa temporada, Dempsey disse que se afastaria da série para correr na Stock Car (ou algo do tipo, estou muito abalada emocionalmente para googlar), até aí tudo bem, ele se afastaria, mas voltaria. A solução para isso foi enviar Mcdreamy para Washington desenvolver pesquisas para a casa branca, ele estava longe, mas sempre aparecia, ainda estava na série, ainda estava presente. Quando ele voltou da capital dizendo que iria voltar para ficar em Seattle de vez, porque seu lugar era junto à família, aposto que todos os fãs de Grey’s explodiram de emoção e felicidade. Ele sai de casa, prometendo estar em casa antes mesmo que Meredith sentisse sua ausência e no meio do caminho, morre.


O marketing do episódio anterior não ajudou muito com Mer angustiada pelo fato dele não responder o celular e com a pergunta “Where Is Derek?”, mas ninguém sabia, infelizmente, o que estava por vir.
Shonda pode ser a melhor roteirista do mundo em certos momentos, mas ela também sabe ser cruel no melhor estilo George R. R. Martin, e dessa vez ela passou dos limites da crueldade.


Derek presencia um acidente envolvendo dois carros, salva as quatro pessoas feridas e por um descuido, digamos, um pouco idiota (afinal, durante horas não passou nenhum carro ali e justamente na hora que ele pára o carro atravessado no meio da pista para pegar o celular, um caminhão passa, faça-me o favor né Shonda...), acaba ele mesmo sofrendo um acidente. Dali em diante é só ladeira abaixo.
Se Derek não tivesse sofrido uma lesão no cérebro, ele poderia falar, mas não pode. Os erros médicos vão acontecendo um atrás do outro, o neurocirurgião passa 1 hora almoçando, quando na verdade, deveria estar cumprindo seu dever de médico e o pior de tudo isso, é ouvir os pensamentos de Derek durante todo o trajeto e não poder fazer nada. Ouvi-lo pensar “It’s Too Late – É Tarde Demais, é de partir o coração.


Foi o que Shonda fez, partiu nosso coração, matou nosso amigo, meu amigo. Um dos meus melhores amigos. E nos fez assistir. A crueldade dela não acaba por aí: colocar Meredith imaginando que tudo estaria bem quando ela chegasse ao hospital não foi legal. Não foi nada legal. Fazê-la desligar os aparelhos não foi legal, assistir a todos os flashbacks de Derek na série não foi nada saudável emocionalmente. Ter que engolir Mer contando a todos que Derek está morto e ver seu enterro no próximo episódio não vai ser nada fácil, nem legal.


Shonda Rhimes já nos fez sorrir, dar gargalhadas, chorar, nos emocionar, já nos pegou de surpresa inúmeras vezes. Matar meu amigo Derek dessa maneira foi de longe, uma péssima decisão. Foi um erro, uma injustiça, foi um desrespeito para com o meu amigo. Se o ator quer sair da série, as vezes a melhor maneira não é a morte. Com Yang deu tão certo, poderia dar com Derek também. Isso respeitaria não só os fãs da série, como também a própria trajetória do personagem. A morte só é bem aplicada quando ela também é bem merecida, respeitosa e bem recebida, por mais que seja dolorosa. Colocá-lo para salvar 4 pessoas antes de sua derrocada não nos convenceu, como quando a morte de George por saltar na frente de um ônibus para salvar uma garota nos convenceu de certa maneira.



O destino de Grey’s Anatomy agora é incerto. Se houver próxima temporada, será toda voltada para Meredith e sua dor angustiante. Como disse no começo, tenho TOC e não consigo abandonar série, mas agora Grey’s morreu de vez, sei que não só para mim, mas também para milhares de fãs no mundo inteiro. Que a série fique para sempre nas lembranças de nossas mentes e corações, mas que acabe logo, sem sofrimento, e que tenha uma morte mais justa que a do nosso amigo, do meu amigo, Derek “Mcdreamy” Sheppard.


Nenhum comentário: