Em uma recente
conversa com o pesquisador, escritor e dramaturgo Adriano Marcena feito em uma
sala de aula, alguns alunos perguntaram sobre a obra, o dicionário da
diversidade cultural pernambucana, ter sido reconhecida pelo conselho estadual
de cultura e como ele analisa esse fato. Marcena, com toda a sua expertise,
toca sutilmente em um assunto um tanto quanto complexo, o mercado editorial.
Recentemente, Raphael Draccon, autor da trilogia “Dragões de Éter” entre outros
e editor da Fantasy, deu uma entrevista em que dizia entre outras coisas que ao
enviar algo de sua autoria para publicação, os editores também vêem o lado
pessoal do novo autor e assim certos fatores acabam prejudicando a publicação
de sua obra. Isso me traz de volta ao Marcena e seu dicionário, não que a vida
pessoal do pesquisador o impeça de algo, pelo contrário, Adriano é sempre muito
bem relacionado e muito bem humorado, porém, estes “outros fatores” que impedem
não só de publicar um livro, mas também de distribui-lo e vende-lo, acredito
que seja forte e constante em Pernambuco.
Marcena fala
que sua obra é vendida mais em São Paulo do que em seu próprio estado, então,
fui tentar provar. Liguei para livrarias, pesquisei na internet e nada. Não
achei absolutamente lugar nenhum para comprar o compêndio, tive que apelar para
o próprio autor que me deu uma luz. A primeira coisa que me veio à cabeça foi,
será que está sendo bem divulgado? Será que não dá dinheiro? Como uma obra tão
grandiosa dessas pode passar despercebido desse jeito? A resposta, acredito eu,
está na preguiça editorial, na briga “intestinal” que existe em Pernambuco e
que Alberto, Publisher de Adriano, cita. Se este livro fosse baiano, já teria
teses, entrevistas, festas, seria divulgado e apadrinhado no Brasil inteiro,
pois a Bahia é mais bem relacionada, tem mais “compadres” do que aqui.
Eu sou uma
aficionada por livros de fantasia e ficção científica e pensei seriamente que
se uma obra acadêmica de tamanha importância como é o dicionário tem esses
problemas, imagina um autor pernambucano que tenha a petulância de escrever
algo do gênero fantasioso por aqui? É
claro, muitos empecilios surgem, como o custo editorial, as editoras precisam
saber, ter certeza que a obra vai dar retorno a mais do que o próprio pagamento
dela mesma. É simples e fatídico, se não dá retorno, não é publicado. Marcena
teve que apelar para Ariano Suassuna para que o governo, O GOVERNO visse sua
obra. O governo, o primeiro que deveria ter apoiado, financiado, publicado e
distribuído um dicionário que vai ficar para sempre nos anais pernambucanos,
mas não. Aparentemente, nem o governo, nem as livrarias estão interessados se o
povo lê ou não.
Nenhum comentário:
Postar um comentário